quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Sophia - uma biografia

«Quem procura uma relação justa com a pedra, com a árvore, com o rio, é necessariamente levado, pelo espírito da verdade que o anima, a procurar uma relação justa com o homem. Aquele que vê o espantoso esplendor do mundo é logicamente levado a ver o espantoso sofrimento do mundo (...) somos, por direito natural, herdeiros da liberdade e da dignidade do ser.» (1)

Sophia, é um nome, uma paisagem, uma forma de olhar que nos tem inspirado os seus leitores, a ver esse real divino que tanto buscou, em palavras de assombro e respiração. É uma figura que continuadamente voltamos para respirar essa voz que fala da claridade e da autenticidade como raramente o podemos ouvir. Escrever e ouvir a sua voz em diferentes formas e locais é sempre uma forma de recordar a sua respiração de coral.

É uma das grandes figuras da cultura europeia e mundial. Nasceu no Porto a seis de Novembro de 1919, onde passou a sua infância. Mais tarde mudou-se para Lisboa, onde fez os seus estudos universitários entre 1936 e 1939. Publicou os seus primeiros poemas em 1940, nos Cadernos de Poesia. Foi uma defensora dos direitos civis dos presos políticos durante o Estado Novo. 

Escreveu diversos livros de poesia que se encontram publicados autonomamente na sua obra poética. Podemos destacar Livro Sexto, Navegações, Coral, No Tempo Dividido ou O Nome das Coisas. Em 2011 para assinalar a exposição internacional que decorreu na BN foram juntos alguns textos não conhecidos e agrupada toda a sua poesia num volume imenso de palavras e descobertas. O catálogo dessa exposição é também uma forma muito interessante de conhecer o seu espólio não publicado.

Destacou-se ainda na escrita para crianças em livros como A Fada Oriana, O Rapaz de Bronze, A Árvore ou A Floresta. Escreveu ainda ensaios e traduziu autores diversos, como Shakespeare ou Eurípedes, da terra das casas brancas no azul do Mediterrâneo, de que tanto gostava. Recebeu ao longo da sua vida vários prémios, como o Prémio Camões 1999 ou o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana em 2003.

Sophia, deu-nos uma escrita de grande beleza, preocupada com os limites da existência humana, onde encontramos a simplicidade e o encontro com a Natureza, em especial o mar. Influenciada pela cultura grega, por esse mar de casas brancas, onde o sonho, a descoberta de novos horizontes está sempre presente. 

Com Sophia encontramos o deslumbramento pela palavra, onde a sensibilidade e a pureza tenta encontrar campos e horizontes de felicidade. As musas do mundo grego que tanto a inspiraram deram-nos nas suas palavras uma nova dimensão para o homem. Com Sophia a palavra tem contornos de magia por onde a dimensão humana se afirma acima de qualquer tempo. Com Sophia encontramos um deslumbramento permamente:

"(...) mostrai-me as anémonas,
        as medusas e os corais 
        Do fundo do mar
        Eu nasci há um instante." (2)

(1) Sophia, «Posfácio, in Livro Sexto, Caminho
                                  (2) Sophia, "Gráfico", in Coral , Caminho

Sem comentários:

Enviar um comentário