sábado, 30 de novembro de 2013

As pessoas de Pessoa

"Ainda assim, sou alguém.
Sou o Descobridor da Natureza (...)
Trago ao Universo um novo Universo
Porque trago ao Universo ele-próprio." (1)

Nunca haverá palavras suficientes para mergulharmos nos seus universos e nas possibilidades que nos fez de uma particular uma dimensão universal. A sua biografia, é só uma impressão, um gesto de uma genialidade complexa, universal e original nas formas e muito rica de ideias. 

Inventou a literatura, pois deu sentidos novos às emoções e ao seu significado. Com elas aprendemos a distinguir a palavra, a dúvida e o sonho. Inventou num mar de aparente solidão, uma nova forma de apresentar o que é o mundo, as suas múltiplas identidades., desenhando ideias de futuro construindo uma língua nova.

Ele somos todos nós. Aqueles que ele inventou nos quotidianos onde tantos seres particulares ganham a sua originalidade, a sua universal humanidade. Se há poeta, se há escritor, se há literatura ele é tudo isso. É a demonstração que um país é a sua cultura, a sua língua, as suas pessoas, a sua individualidade...

É o nosso maior poeta, o filósofo das partidas esquecidas e dos sonhos de conquista do infinito universo. Chama-se Fernando Pessoa, andou por aqui durante os milénios dos seus sonhos e faz hoje setenta e oito anos que adormeceu. Continua a incomodar o real tão feito de aparentes compromissos de verdade e imaginação.
(1) Alberto Caeiro, "XLVI", Poesias - Heterónimos

Sem comentários:

Enviar um comentário