quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Noite de Halloween

Ilustração de Anne Marie Perks
ILustração de  Virpi Pekkalan
Ilustração de Susan Wheeler
(Ideias para inspirar a utilização das célebres abóboras de Halloween)

A noite de Halloween

 Halloween, hoje chamado Dia das Bruxas é uma tradição que se comemora especialmente nos países de cultura anglo-saxónica, como o Reino Unido ou os Estados Unidos da América. A palavra vem do inglês com o significado de «Hallowed» que significa «santo» e «en» que significa «noite». O seu significado liga-se pois a Noite Santa ou Noite de todos os Santos.

O Halloween remonta aos Celtas, povo da idade do ferro, e às festividades que aquele povo fazia em honra dos mortos. Para os Celtas o Halloween marcava a proximidade do solstício de Inverno e indicava o fim oficial do Verão. Marcava igualmente o início do provisionamento dos diversos bens alimentares para todo o Inverno. O Halloween era para os Celtas no fundo uma forma diferente de crença na vida após a morte e na comunicação entre todos os elementos organizadores do universo, o espaço e o tempo. Todo o enquadramento da fantasia ligado ao Halloween relaciona-se com a defesa dos vivos face ao outro mundo, oculto e desconhecido.

   A partir do século I os Romanos abandonaram esta tradição. A figura da bruxa aparece na Idade Média e por relação com a intolerância religiosa, tendo ficado associado a esta tradição. A Igreja no século IX deslocou de Maio para 1 de Novembro a celebração do Dia de Todos os Santos para diminuir os cultos pagãos que a norte da Europa tinham muita importância. Houve assim uma junção dos cultos cristãos e pagãos, um pouco como no  Brasil a cultura negra integrou os valores da cristandade europeia.

Hoje o Halloween tem um conjunto de adereços que foram surgindo em diferentes locais  e diversas épocas. São os disfarces, criações dos períodos em que o medo da morte assolou a Europa, como no século XIV. A própria tradição de pedir um doce ou oferecer uma travessura que ainda hoje é celebrado em Inglaterra como uma festa nacional tem ainda a ver com as  lutas civis que oposeram católicos e protestantes no século XVII.
   No século XIX, os imigrantes  irlandeses que foram para os Estados Unidos levaram o património celta, tornando o Dia das Bruxas uma tradição cultural muito apreciada. 

terça-feira, 29 de outubro de 2013

O meu ser fantástico (EB1 São Miguel)

O meu animal fantástico chama-se Chitáguia. Tem uma parte de chita misturada com águia. Voa e ataca  para capturar a presa. Tem olhos vermelhos, é preto, branco e dourado e come carne. Tem quatro garras em cada pata e é muito rápido. Vive na selva. 

Ana Filipa (3ºA) - Profª Margarida Carvalho

O meu ser fantástico - (EB1 São Miguel)

O meu ser fantástico é meio vampiro, meio cavalo e meio tartaruga. Na parte da cabeça e dos braços é um vampiro e tem quatro patas de cavalo, um rabo de cavalo e uma carapaça de tartaruga para se proteger dos ataques dos inimigos. A cabeça de vampiro tem uma crina de cavalo para se poder teletransportar e ficar invisível e tem asas para poder voar.

Caetana - (3ºA) - Profª Margarida Carvalho 

Memória de Astérix

A Banda Desenhada Astérix foi criada por René Goscinny e Uderzo há cinquenta e quatro anos, justamente a vinte e nove de Outubro de 1959. A primeira aparição foi apresentada na Revista Pilotee e o sucesso tem sido imenso ao longo de todos estes anos. Já foram publicados mais trinta álbuns, fizeram-se várias adaptações ao cinema assim como foram colocados à venda imensos produtos relacionados com os heróis da aldeia da Gália. Foi ainda criado um parque temático para ilustrar a magia de Astérix, Obélix e amigos.

O divertimento de Astérix passa pela forma criativa de uma aldeia a resistir ao domínio romano. Obélix, amigo de Astérix, com uso da sua força sobre-humana e Panoramix, o druida lutam magicamente contra os «loucos» romanos. Astérix usa uma linguagem que atraiu todos os seus leitores, assim como as referências feitas ao próprio século XX nas diferentes características dos povos que entram nos diferentes álbuns.

Astérix é no entanto muito mais que uma divertida história de quadradinhos. Astérix e a aldeia na Gália são a representação da França, do seu orgulho como País, da sua cultura a tentar resistir num mundo contemporâneo onde o império anglo-saxónico dominava já claramente.
Hoje, talvez não seja excessivo dizer que Astérix representa a humanidade no sentido da individualidade de comunidades que se apresentam diversas perante um mundo global. Falta-nos a poção de Panoramix e é por essa universalidade alcançada que Astérix é uma das grandes construções de ideias do século passado.

Imagem in, evaldolima.blogspot.com

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

As Bibliotecas

"A Biblioteca terá que ser o centro da sociedade. O homem é um animal leitor, leitor do mundo. Procuramos as constelações da narração: quem são os outrose onde estamos. Desenvolvemos o poder da imaginação. Somos capazes de criar o mundo, antes mesmo da criação do mundo.

As bibliotecas são a memória privada e a memória pública. A biblioteca é autobiografia de cada um. É o rosto de cada um de nós. As bibliotecas são também a biografia da sociedade, a sua identidade. As bibliotecas públicas são o rosto da comunidade.

Nós somos o que a biblioteca nos recorda o que somos. Um livro conta a experiência de cada um, onde estão as paixões mais secretas e os desejos mais íntimos. "Clínica da alma" é a sua melhor definição. A centralidade da atividade inteletual está na clínica da alma!"...

Alberto Manguel, "Reading and Libraries", 11º Congresso da BAD

Dos tempos da inocência


Bom dia! Boa semana!

"No princípio era a ilha
embora se diga
o Espírito de Deus
abraçava as águas

Nesse tempo
estendia-me na terra
para olhar as estrelas
e não pensava
que esses corpos de fogo
pudessem ser perigosos

Nesse tempo
marcava a latitude das estrelas
ordenando berlindes
sobre a erva

Não sabia que todo o poema
é um tumulto
que pode abalar
a ordem do universo agora
acredito

Eu era quase um anjo
e escrevia relatórios
precisos
acerca do silêncio

Nesse tempo
ainda era possível
encontrar Deus
pelos baldios

Isso foi antes
de aprender álgebra".


José Tolentino Mendonça, «A Infân
cia de Herberto Helder»

Livro da semana - Se eu fosse um livro

Título: Se eu fosse um livro
Autor: José Jorge Letria
Edição: 1ª
Páginas: 40
Editor: Pato Lógico
ISBN: 978-989-96717-6-8
CDU: 82-93

Sinopse: Quais são os mais secretos sonhos de um livro? A que ideias se vincula? Que viagens gostaria de fazer? Que rostos desenha e com que cores visualiza o universo? A que lugares quereria chegar e que leitores gostaria d etyer um livro? Um livro em família de José Jorge Letria, com ilustrações do seu filho, André Letria, numa comemoração do livro como objeto de aprendizagem, sonho e aventura.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

A memória da arte de Picasso


O século XX, os seus acontecimentos e formas marcaram com extrema violência a vida de milhões de pessoas. A História do século XX não pode ser compreendida sem a Arte, e as formas que ela assumiu. O século passado inaugurou de forma massiva a comunicação como meio de exprimir uma ideia. A pintura deixou de depender da noção clássica dos renascentistas da noção de perspectiva, assim como deixou de representar uma figura ou um quadro natural.
O quadro tornou-se a própria realidade, o meio de criar uma mensagem.

Neste sentido a arte em geral e a pintura em concreto poderia dar a conhecer uma ideia de realidade, uma proposta de sociedade, indicando uma visão do mundo. A perspectiva aparecia como um ponto de observação, dando-nos uma ideia, um quadro, uma descrição do real. Ora, a História do Século XX, pelas suas contradições e angústias mereciam que a perspectiva fosse fragmantada, dividida em secções, como a própria realidade.

A arte e apintura deveriam não dar representações idílicas da natureza, mas mostrar, revelar a natureza humana nos seus aspectos mais visíveis. O feio, a violência, a realidade sofrida por cidadãos em tão variados locais por onde a Guerra fez as suas vítimas. A vida moderna deveria ser expressa na sua angústia, limitações e estado de caos. A arte deveria apresentar o mundo, já distante nas formas sociais e culturais do século anterior. A este movimento iniciado em 1908 por Georges Braque e Picasso deu-se o nome de cubismo.

Foi com Picasso que a ideia da fragmentação da imagem foi levada mais longe. O nome de cubismo vem-lhe da utilização de pirâmides, cubos, cones que utilizava na diferente perspectiva dos objectos. A utilização de máscaras africanas e a utilização das suas cores vivas fez dele um artista muito importante na Arte Europeia e Mundial. Não é excessivo dizer que Picasso é um dos marcos da Arte Ocidental.

Passa hoje, mais um ano sobre o seu nascimento justamente, a 25 de Outubro de 1881, o homem e o artista que deu à arte e à pintura uma ideia nova e transformadora da representação da realidade e da vida. O Museu Picasso em Barcelona disponibiliza um conjunto de recursos on-line interessantes. Aqui


Imagens, Menina diante do espelho, (1932)/Vladymyr Lukash
in http://algumapoesia.com
http://bibliocolors.blogspot.com

No nascimento de Picasso

Picasso é uma das maiores figuras da arte contemporânea. Não perceberemos o mundo do século XX, a sua anarquia,violência e caos sem uma leitura da sua obra, do movimento que inspirou, O Cubismo. Aqui uma demonstração dos seus retratos e de como o rosto evoluiu na sua pintura.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

O meu ser fantástico - (EB1 São Miguel)

O meu animal fantástico tem uma cabeça de coelho e corpo de minhoca. O animal tem orelhas muito gigantes e bigodes.  O corpo tem bolas.

Frederico (3ºA) - Profª Margarida Carvalho

O meu ser fantástico - (EB1 São Miguel)

O Ponteramedusa vive numa gruta na América. Ele é grande, tem uma cauda comprida e garras afiadas. Tem  uma cabeça de medusa e o resto do corpo é de pantera negra. Os olhos são vermelhos com dentes de vampiro e o cabelo cheio de cobras. Se alguém olhar para as cobras, fica em pedra e se o Ponteramedusa morder fica sem se mexer para sempre.

Guilherme Marcelo Moreira, 3ºA (Profª Margarida Carvalho)

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Livro da semana - Um olhar de menina


Título: Matilde Rosa Araújo - um olhar de menina
Autor: Adélia Carvalho
Edição: 1ª
Páginas: 36
Editor: Trinta por uma linha
ISBN: 978-989-8213-28-0
CDU: 82-3 



"Dos seus olhos claros - diz quem alguma vez os fixou - transbordava um mar de interminável ternura. Olhava para tudo como se fosse sempre a primeira vez. E a sua voz era uma das mais meigas e suaves que alguma vez se escutou. Eu, que a ouvi muitas vezes, digo-vos que Matilde nunca deixava de falar com a alma e o coração".


Há livros que conseguem quase o milagre de recuperar o que foi a respiração de uma pessoa, a sua memória pelos dias em que fez renascer a beleza e o cuidado com os outros. Ela foi uma das mais importantes escritoras para a infância que se escreveu em língua portuguesa. É um livro como uma biografia. Mesmo perdendo a presença do olhar físico, do entusiasmo, da transpiração emotiva no encontro que tantas vezes  fez em tantas bibliotecas, temos um pouco do seu universo de anjo, neste olhar de menina.

sábado, 19 de outubro de 2013

António Manuel Pina


"A beleza é o rosto mais jubiloso da verdade. Não da própria verdade, mas do seu rosto". (1)

Tinha uma paixão pelo Winnie the Pooh. Olhava para a literatura infantil como a possibilidade de reencontrar o olhar inicial, o que está pronto para a linguagem do mundo, ainda sem o conhecer. Revelou uma curiosidade para traçar pela poesia as grandes questões filosóficas de sempre inerentes à natureza humana.

Reflectiu sobre a sociedade em que viveu com liberdade, com inteligência e com criatividade. Deu-nos no JN um conjunto de crónicas sobre esse real que se sonha e que não se compreende pela ausência de uma real interrogação de figuras e instituições sobre  os valores básicos do que os gregos chamaram "Humanitas, , Libertas".

Foi um cronista que ousou utilizar as palavras para discutir "as verdades" que o establishent político gosta de enumerar como os pilares do universo, por onde interesses privados se alimentam da destruição mais básica dos valores de dignidade de tantos. 

E foi um poeta. Um poeta que nos descreveu como nos orientamos com os mitos, como respiramos o real, entre os lugares e as suas sombras, por onde tentamos reconhecer os gestos. E quando um poeta parte, perdemos um pouco do timbre da sua voz, ficando com a memória e o coração das palavras, onde o sorriso nos guardará desse "dragão feroz" (2) que é o próprio tempo.

(1) Entrevista a António Manuel Pina, in Jornal i, 18/02/21012 
(2) Ana Maria MatuteParaíso Inabitado

A vida com um sorriso

«O cómico tem obrigação de ridicularizar pessoas, instituições, organismos que estão errados» (1)

O humor é a forma mais original da inteligência. Quando transporta em si os sentimentos das pessoas, aquilo que um conjunto social interioriza colectivamente, abrem-se portas de esperança e revelam-se as máscaras que insistentemente rodeiam o quotidiano. O Portugal dos anos sessenta era um território cinzento, amostra de uma pequenez intransigente.

Solnado foi para esse tempo uma marca na cultura portuguesa. A que sabia poder-se existir com ingenuidade, mas com esperança que o futuro era possível. Contribuiu para reabrir as portas fechadas do salazarismo. E fê-lo com graça, com delizadeza. Quantos terão conseguido com a sua graça fazer rir até os próprios censores. Ele foi esse mar que se quer transformar, pelo riso e pela inteligência.

Vale a pena recordá-lo, a ele e à sua obra. Foi um homem imenso, muito acima do que o País dele pensou. Foi um ser humano que sabia ir da simples piada à genialidade, de com simplicidade revelar como o quotidiano era um aparência de felicidade e sempre com a doçura no olhar. O riso com Solnado foi uma arte séria, fresca. Foi uma acto de cultura e uma prova de amor pelas ideias mais nobres.

(1) Raul SolnadoZip Zip

Onde anda você - lembrando Vinicius


“Nasço amanhã, ando onde há espaço, meu tempo é quando”.

Foi poetinha, foi Vesúvio, foi Vinô, foi tantas possibilidades de ser numa paixão pela vida, pelo sonho, pela beleza, pela sedução, na combinação entre o popular e o erudito, quando a cidade e o morro se juntaram para embalar as praias do Rio. Nasceu na Gávea, justamente há cem anos, numa rua que habitou por algum tempo e que ele próprio considerava como um caminho longo que foge.

Estudou Direito, publicou poemas desde muito jovem, cantarolou palavras ainda mais cedo e teve as mais diversas profissões. Foi jornalista, crítico de cinema, escritor, poeta, diplomata. Percorreu o mundo, conviveu com figuras tão distantes como Orson Wells, Pablo Neruda, Carmen Miranda ou Louis Armstrong. Ligou-se ao movimento da Bossa Nova, ao movimento afro-samba e escreveu sobre o amor frases e melodias fantásticas.

Cultivava a generosidade e o conhecimento do outro, na busca pela vivência dos momentos únicos, capazes de nos redimir sobre a efemeridade do tempo. Vivia no limbo entre o excesso e a recuperação e compreendeu a absoluta necessidade de vivermos e nos transformarmos, entre a beleza e a solidão do mundo que tantas vezes nos invade. Chama-se Vinicius de Morais e há séculos que lhe sentimos a sua falta.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

No nascimento de António Ramos Rosa

A Palavra, a Fábula, O Mundo


Escrevo para entrever o que seria o mundo
liberto de si mesmo E sem imaginar
pouso no limite entre a luz e a sombra
para me oferecer à nudez de um começo

Há palavras que esperam na sombra contra o muro
para serem a felicidade de uma folha aberta
sem mais sentido que o perpassar da brisa
mas que abrem o mundo e de doçura tremem

Não é preciso polir a madeira das palavras
ou talhá-las como se fossem seixos
Há um lugar para elas no branco e não numa alfombra de ouro
e quanto mais frágeis mais frescura exalam
porque elas são a fábula do mundo quando a água o embala.

António Ramos RosaAs Palavras 


terça-feira, 15 de outubro de 2013

O mar - 3ºA (Profª Margarida Carvalho)

O mar

Eu hei de amar o mar
até ele me beijar.
Quando ele me beijar
eu hei de flutuar
e sentir-me a navegar
ouvindo as ondas a cantar.
Eu hei de amar o mar
até ele me beijar.
Dormirei a flutuar
e passarei a noite a sonhar
com as ondas a cantar
até o sol raiar.
Eu hei de amar o mar
até ele me beijar.

Poema coletivo do 3.ºA (EB1 B.S.Miguel)
Outubro 2013

(Para consultas futuras, a etiqueta que procurará recuperar a informação dos textos publicados pelos alunos será escrita de palavras com a identificação do aluno / turma / escola a seguir a um hífen).

Imagem, numa  tarde ao fim do dia, numa praia a sul.

No nascimento de Agustina

Há muitas coisas belas na terra, mas nada iguala a recordação de um dia de Verão que declina, e temos 11 anos e sabemos que o dia seguinte é fundamental para que os nossos desejos se cumpram. Quem conservar este sentimento pela vida fora está predestinado a um triunfo, talvez um tanto sedentário, mas que tem o seu reino no coração das pessoas". (1)

 Escritora criadora de figuras de uma dimensão muito peculiar tem-nos dado a voz de uma geografia física e humana capaz de compreender a relação doHomem com os mitos, o simbolismo dos seus valores. Criadora de palavras que nos conduzem onde se identificam os percursos da Humanidade, acima do contexto histórico, na procura de uma identidade que o é por si.
Retemos dela uma ideia de uma luz de quem caminhou ao contrário, da maturidade para a infância, de quem nos ensinou que a vida é demasiado importante para ser levada a sério e que por isso nada mais difícil do que o gesto grave, a dureza do caminho, para os que procuram um lugar de felicidade, de conquista de individualidade. Por isso as fórmulas rápidas e fáceis são inexpressivas de qualquer verdade, pois em cada ser há uma respiração diferente.

Nas suas obras, as mulheres de diferentes gerações revelam essa aspiração de humanidade, que condensam o que viveram, o que sonharam, em luta com o real sem se saber se se ousou o suficiente, se a afirmação foi suficiente para chegar a esse momento quase final em algo que se compreendeu. 

É uma das grandes figuras da cultura portuguesa deste século. Pela escrita, pelos temas, pelo humor e por aquele sorriso de quem já parece ter percebido o sentido das coisas e por isso sorri para o horizonte, como a criança acabada de nascer. Chama-se Agustina Bessa-Luís e faz hoje noventa anos. O final de sibila dá-nos essa dimensão de uma forma clara.

O mais veemente dos vencedores e o mendigo que se apoia num raio de sol para viver um dia mais, equivalem-se, não como valores de aptidões ou de razão, não talvez como sentido metafísico ou direito abstracto, mas pelo que em si é a atormentada continuidade do homem, o que, sem impulso, fica sob o coração, quase esperança sem nome.» (2)     

(1) Agustina Bessa-LuísAs Pessoas Felizes e (2) Sibila, Guimarães Editores

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Livro da semana - A maior flor do mundo


Título: A maior flor do mundo
Autor: José Saramago
Edição: 1ª
Páginas: 29
Editor: Caminho
ISBN: 972-21-1437-9
CDU: 82-3



"E se as histórias para crianças passassem a ser obrigatórias para adultos? Seriam eles capazes de aprender realmente o que há tanto tempo têm andado a ensinar?"


A escrita em Saramago procura algo mais fundo, que é o que somos como humanidade, o que nos limita, que sonhos temos e que fundo nos modela. Acima das palavras, das emoções, do desenho ético e ideológico das acções, de que pedra somos feitos, que substância temos depois de retirada toda a gordura. A sua obra evoluiu entre o edifício das palavras e a arquitectura do cinzel que busca a essência interior do homem. 

Este livro, integrado no programa do 4ºa no de escolaridade é um dos seus "pequenos" livros, nessa ideia que ele tinha de que seria difícil escrever para leitores que utilizam poucas palavras. Mas A maior flor flor do mundo é um livro notável. Retrata-nos a destruição ambiental num mundo pouco preocupado com a respiração humana, com o valor dos indivíduos como pessoas. 

A flor de dimensões imensas aparece-nos como uma sátira a uma humanidade esquecida de si própria. A grande questão é de como tanto conhecimento se torna fútil e estéril, incapaz de conduzir os homens por caminhos de real sabedoria. Poderiam as histórias para crianças resgatar esse esquecimento? É uma ideia, no mínimo sedutora e de grande esperança. 

sábado, 12 de outubro de 2013

As Bibliotecas e o digital

Os últimos vinte anos viram nascer gradualmente a utilização de ferramentas tecnológicas que nos trouxeram a possibilidade de chegar ao contacto com o mundo de uma forma muito mais rápida e interactiva no contacto com a informação. Esta aproximação aos media em contexto educativo permitiu delinear novos campos, como sejam a promoção do trabalho colaborativo, a experimentação, a capacidade reflexiva e a integração das Literacias da Informação e Digitais.

A Biblioteca apresenta-se assim como uma estrutura que faz a gestão da informação, ajudando a uma construção do conhecimento suportada numa utilização adequada e criteriosa dos meios tecnológicos. Longe de ser apenas um espaço que oferece recursos, a Biblioteca ao utilizar os meios tecnológicos pode aproximar-se dos seus utilizadores e dar resposta aos factores que trazem os media aos jovens (os novos tempos e espaços das famílias; os novos ritmos sociais; a urbanização; as condições de vida).

Numa Biblioteca Escolar, os meios tecnológicos permitem apoiar o currículo em diferentes modos, pela abordagem que dão ao processo educativo na construção de recursos. As Bibliotecas Escolares actuam nas Literacias de Leitura e Informação pela divulgação que fazem da informação e das actividades em que promovem as capacidades leitoras dos seus alunos. E envolvem-se em parcerias, trocas de ideias e promoção e divulgação de actividades em comunidades nacionais e internacionais, assegurando à Biblioteca Escolar uma componente de grande dinamismo local.

Mas existem questões por resolver que poderão limitar profundamente esta transformação.
1º - A desejada transformação pelos recursos implica uma análise cuidada do que se poderia chamar os aspectos simbólicos. Isto é não ficar apenas no horizonte tecnológico, mas cuidar da ideia, do processo metodológico. É indispensável pensar na relação que jovens e adultos, alunos e professores têm com os media e como os integram no seu quotidiano educativo e escolar.

2ª - As ferramentas tecnológicas são um recurso, uma estratégia e uma oportunidade de fazer evoluir a escola para campos novos. Mas existem questões por resolver que poderão limitar profundamente esta transformação. A escola continua amarrada a um modo de funcionamento, essencialmente vinda do passado, muito hierarquizada que não responde aos deafios que o mundo coloca. A tecnologia por si só não oferece as oportunidades de transformação, limitando as possibilidades dos indivíduos de se afirmarem no seio das organizações.

Entre Tecnologia e Cultura, os meios tecnológicos necessitam que o sistema educativo dê uma oportunidade à imaginação. Com uma demografia em queda, nos países desenvolvidos, com as crises financeiras do capitalismo mundial, a escola necessita de uma ideia nova. Segundo a Unesco, nos próximos trinta anos, irá estudar mais gente através do sistema formal educativo no mundo, do que desde o princípio da História. Os recursos tecnológicos, se estruturados com metodologia poderão criar uma oportunidade para mudar o sentido da aprendizagem tornando os indivíduos críticos aos processos que vivem.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

A criatividade


"Tivesse eu os tecidos bordados dos céus,
Lavrados com o ouro
e a prata da luz
Os tecidos azuis e turvos e de breu
da noite e da luz e da meia luz,
estenderia esses tecidos a teus pés;

Mas eu, que sou pobre,
apenas tenho sonhos; 

São os meus sonhos que estendi  a teus pés;
sê suave ao pisar
que pisas os meus sonhos".


Ken Robinson é um dos autores que nos tem mostrado como a criatividade e a inovação são essenciais na escola, na formulação de novas possibilidades à respiração individual. É sobre esses sonhos estendidos, em tantos lugares, em tantos dias pelas crianças que a escola merece ser pensada, para que os pisemos como Yeats sublinha com cuidado. Um vídeo que vale a pena ver e pensar sobre o que a criatividade pode fazer para dar respostas mais satisfatórias. 

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Livro da Semana - Como se faz cor de laranja


«Deram ao Menino uma caixa de aguarelas. O Menino gostava de pintar pássaros, flores, casas, árvores, rios, montanhas e tudo o mais que lhe vinha à cabeça. Mas faltavam muitas cores na caixa de aguarelas.

   Um dia, o Menino quis pintar um submarino no fundo do mar. À volta do submarino havia algas azuis, verdes, roxas e vermelhas.

  Mas o Menino queria que houvesse também algas alaranjadas. Ficariam bem a ondular, ao lado das algas azuis e verdes. 
Que pena a caixa de aguarelas não ter cor-de-laranja! Como se faria? Que outras cores se devia misturar para conseguir cor-de-laranja?» (1)

António Torrado recebeu em 1980 o Prémio Calouste Gulbenkian de Literatura para Crianças, por ter sido considerado o melhor texto publicado em 1978/79.

Memória de Saramago...


 "Se olharmos as coisas de perto, na melhor das hipóteses chegaremos à conclusão de que as palavras tentam dizer o que pensámos ou sentimos, mas há motivos para suspeitar que, por muito que procurem, não chegarão nunca a enunciar essa coisa estranha, rara e misteriosa que é um sentimento". (1)

(Foi há quinze anos que Saramago foi premiado por uma escrita que procura algo mais fundo, que a narrativa em si, pretende chegar ao que somos como humanidade, o que nos limita, que sonhos temos e que fundo nos modela. Acima das palavras, das emoções, do desenho ético e ideológico das acções, saber de que pedra somos feitos, que substância temos depois de retirada toda a gordura).

(1) José Saramago, in Nas suas palavras

Tecer ideias e capacidades...


things to learn from Matt Edgar on Vimeo.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Livro da semana - Os ovos misteriosos

Título: Ovos Misteriosos
Autor: Luís Ducla Soares
Edição: ...
Páginas: ...
Editor: Edições Afrontamento
ISBN: ...
CDU: 82-3

"Uma galinha punha um ovo todos os dias e todos os dias a dona lhe levava o ovo. Para fugir de tão grande injustiça foi para a floresta e aí fez um ninho muito confortável. Passado pouco tempo, vários ovos apareceram no seu ninho: uns grandes, outros pequenos, uns mais claros, outros mais escuros. Embora admirada, chocou todos os ovos, dos quais viria a nascer uma insólita ninhada: um papagaio, uma serpente, uma avestruz, um crocodilo e também um pinto.
Todos irmãos e todos diferentes, formavam uma ninhada engraçada, que a mãe-galinha tinha dificuldade em controlar e em alimentar."


Sinopse:
É um livro que nos conta a história de uma mãe "galinha" que teve muitos filhos, todos diferentes (um papagaio, uma serpente...), mas só um filho era o dela. Mesmo assim gostava deles todos da mesma maneira. É uma história muito engraçada, que vale a pena a ler, reler e explorar temas como a Amizade, a Solidariedade, os animais, as diferentes nacionalidades, entre diferentes possibilidades.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Escritor do mês - Outubro (1)

José Jorge Letria nasceu em Cascais, em 1951 e tem-se afirmado como um escritor importante em várias áreas da literatura, com destaque para a infanto-juvenil. Tem desempenhado diferentes profissões, como  jornalista, poeta, dramaturgo, ficcionista e autor de uma vasta obra para crianças e jovens. Foi, desde l970 e até Dezembro de 2003, redator e editor de jornais como “Diário de Lisboa”, “República”, “Diário de Notícias” e “Jornal de Letras”. 

Foi ainda vereador da Cultura, do município de Cascais, entre 1994 e 2002. Estudou Direito, História e História de Arte na Universidade de Lisboa, sendo pós-graduado em Jornalismo Internacional e Mestre em “Estudos da Paz e da Guerra nas Novas Relações Internacionais” pela Universidade Autónoma de Lisboa. Desempenhou a sua atividade profissional na área do jornalismo, tendo colaborado em programas de televisão e da rádio. Pertenceu à Direção da Casa da Imprensa. 

Foi, antes do 25 de Abril, um dos nomes mais destacados da canção da resistência (com vários discos gravados e centenas de espetáculos realizados, nomeadamente na Galiza e em Madrid, em l972 e l973) ao lado de nomes como José Afonso, Adriano Correia de Oliveira e Manuel Freire, tendo sido agraciado, em l997, com a Ordem da Liberdade pelo Presidente Jorge Sampaio. Em Paris foi-lhe atribuída a medalha da Internationale des Arts et des Lettres.

A sua obra está muito ligada à sua participação cívica e iniciou a sua obra como escritor em 1973, com Mágoas Territoriais, tendo publicado inúmeros títulos na área da poesia, do conto, das fábulas e do ensaio. As suas obras estão traduzidas em várias línguas, e os seus textos integram numerosas antologias em Portugal e no estrangeiro.

A sua obra literária foi distinguida, até à data, com inúmeros prémios. Podemos destacar os seguintes:

  • Dois Grandes Prémios da APE (conto e teatro);
  • O Prémio Internacional Unesco (França); O Prémio Aula de Poesia de Barcelona;
  • O Prémio Plural (México);O Prémio Gulbenkian;
  • O Prémio Eça de Queirós-Município de Lisboa;
  • O Prémio Ferreira de Castro de Literatura Infantil; O seu livro para crianças “O Homem que Tinha uma Árvore na Cabeça” integrou, em 2002, a lista “Books and Reading for Intercultural Education”, da União Europeia.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

O autor do mês


As Bibliotecas irão apresentar todos os meses um conjunto de autores (escritores / ilustradores) que procurarão ir de encontro aos interesses e gostos de leitura dos alunos e que se relacionam com os objectivos do currículo.

Pretendemos divulgar um conjunto de autores, que pela sua importância no panorama da literatura e das ideias possam interessar a diferentes públicos. Caso haja um alargamento da partilha de ideias e projectos às Bibliotecas das escolas de outros ciclos os autores do mês poderão ser reformulados, para procura atingir diferentes públicos. 


Na Biblioteca haverá um cartaz identificando algumas das suas obras e no Boletim Mensal estará disponível uma biografia sobre os mesmos. Convidam-se os alunos e docentes a participar na construção dos materiais, sempre que possível. Em alguns meses haverá dois autores, de modo a complementar universos diferentes e largos e que podem oferecer leituras diferenciadas sobre temas comuns.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Mês Internacional das Bibliotecas Escolares

A ISLM, International Scholl library Month, estabelece anualmente um mês onde se salienta a importância das Bibliotecas Escolares. Com esta iniciativa todos os anos se incentiva a ideia essencial de que a leitura pode ser uma ferramenta que nos permite envolver com o mundo em diferentes aproximações. As Bibliotecas são ferramentas indispensáveis na formação de leitores, na procura de respostas aos interesses dos seus utilizadores e na relação que énecessário estabelecer com as disciplinas e os respectivos professores.

Fazer descobrir os interesses, o gosto dos leitores, as suas necessidades de formação são algumas das tarefas mais importantes de uma Biblioteca. Durante este mês, as Bibliotecas no Agrupamento, de diferente modo realizarão actividades no âmbito da formação de utilizadores e da promoção da leitura e desenvolvimento das literacias.

Como todos os anos, a ISLM escolhe um tema relacionado com as Bibliotecas sendo o deste ano, Biblioteca Escolar, uma porta aberta para a vida. É um tema excelente para descobrir o que os livros, a leitura e o digital pode oferecer para transformar os dias e as possibilidades de cada um.

Outubro

Em Outubro, quase tudo
volta enfim ao seu lugar:
os meninos na escola
e os pais a trabalhar.

Chega o poeta à janela,
vê as folhas secas no parque
e escreve uma vez mais
que os pés que pisam as folhas
fazem o chão crepitar.

Mas hoje o poeta tem sorte,
que o céu alto, azul e limpo
convidou para um refresco
 um sol aberto, tão forte
 que parece que o Verão
ainda vai ali à porta.

Amanhã, porém, a chuva
virá, reclamar um lugar
ao céu hesitante do Outono.

E o poeta pensará:
"É tempo de me sentar
com a manta nos joelhos
e ouvir a chuva a chorar
no chão da rua e dos versos.

João Pedro MéssederO Livro dos Meses