sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Carlos Pinto Coelho - a memória das palavras

Há três anos (feitos no passado dia quinze) que já não lhe ouvimos o entusiasmo da voz. Num país de paróquias ele foi um elemento de alargamento de um provincianismo que se mantém fechado ao mundo, à mudança, às possibilidades de transformação. Ele foi um renovador na comunicação, na curiosidade e no entusiasmo com que nos dava a conhecer o mundo dos que se dedicavam a pensar e a criar.

Foi um jornalista, onde revelou um imenso humanismo quando falava dos outros, dos livros, das ideias, da arte, da cultura. Teve um programa que deu aos portugueses o contacto com esse mundo que parece cada vez mais raro e distante. Falava dos criadores com paixão, com fascínio pela palavra, pelo traço, pela cor redescoberta.

A sua importância, relativa a uma ideia de grande valor, o programa Acontece faz-nos reflectir como a evolução do País é uma tragédia, é uma incapacidade de projectar ideias, de criar soluções. Sem cultura não existe massa crítica, não existe qualquer fermento para enquadrar uma organização social que é cada vez mais um apêndice de um poder político que e vê a si próprio como o grande inspirador do pensamento dos outros. 

A distância que nos separa de um País é muito esta. A desvinculação às ideias. No dia em que nos lembramos da memória de Carlos Pinto Coelho valia a pena pensar um pouco nisso. É por essa ausência que se tem construído uma aparência do real com figuras "janotas", mas de uma gritante falta de consistência.

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