Neste Dia Mundial da Poesia, umas breves e modestas palavras sobre a
Poesia, e sobre ela, que já foi a nossa autora do mês na
Biblioteca. A leitura e a escrita de poesia são o nosso bilhete de
identidade, o que nos revela, o que nos identifica com a Humanidade.
Lemos poesia, não para compreender o mundo, mas para a tentativa tantas
vezes falhada de com o nosso olhar o construir.
Construção feito a
partir de uma viagem, onde a miséria e a grandeza se unem.Ler poesia
e redigir as suas palavras é como ela dizia,«uma arte do ser», uma
escritura de comunhão com o real, onde descobrimos como as imagens e as
pessoas convivem no silêncio, na luz azul do mar, no deslumbramento do
desconhecido, na experiência do sentir, no perfume das flores.
Ela ensinou-nos que é na poesia que nos descobrimos, que percebemos para onde podemos ou desejamos ir, que vida teremos a sabedoria de construir. Ela é a nossos olhos a própria poesia, a que procura com integridade reconstruir todas as manhãs um mundo de ombros claros, como a luz que da manhã surge do mar a inundar os olhos de todos. Naturalmente Sophia. Do seu poema, A Casa Térrea:
Que a arte não se torne para ti a compensação daquilo que não soubeste ser
Que não seja transferência nem refúgio
Nem deixes que o poema te adie ou divida: mas que seja
A verdade do teu inteiro estar terrestre
Então construirás a tua casa na planície costeira
A meia distância entre a montanha e o mar
Construirás - como se diz - a casa térrea -
Construirás a partir do fundamento.
Sophia de Mello Breyner Andresen, Obra Poética
Imagem Nicoletta Ceccoli
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