Escrevo para entrever o que seria o mundo
liberto de si mesmo E sem imaginar
pouso no limite entre a luz e a sombra
para me oferecer à nudez de um começo
Há palavras que esperam na sombra contra o muro
para serem a felicidade de uma folha aberta
sem mais sentido que o perpassar da brisa
mas que abrem o mundo e de doçura tremem
Não é preciso polir a madeira das palavras
ou talhá-las como se fossem seixos
Há um lugar para elas no branco e não numa alfombra de ouro
e quanto mais frágeis mais frescura exalam
porque elas são a fábula do mundo quando a água o embala.
António Ramos Rosa, As Palavras
liberto de si mesmo E sem imaginar
pouso no limite entre a luz e a sombra
para me oferecer à nudez de um começo
Há palavras que esperam na sombra contra o muro
para serem a felicidade de uma folha aberta
sem mais sentido que o perpassar da brisa
mas que abrem o mundo e de doçura tremem
Não é preciso polir a madeira das palavras
ou talhá-las como se fossem seixos
Há um lugar para elas no branco e não numa alfombra de ouro
e quanto mais frágeis mais frescura exalam
porque elas são a fábula do mundo quando a água o embala.
António Ramos Rosa, As Palavras
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